Homem forçado a tatuar iniciais dos patrões era gravado em situações humilhantes e chantageado: 'ouvia as violências pelas quais passava', diz testemunha

  • 01/05/2025
(Foto: Reprodução)
Uma uruguaia também foi mantida em condições degradantes por um professor, um administrador e um contador presos em Planura, no Triângulo Mineiro. Segundo ela, o homem de 32 anos e que foi forçado a tatuar as inicias dos patrões como 'símbolo de posse' também era agredido com um chicote. Luciana passou 6 meses em situação análoga à escravidão em Planura Reprodução/Arquivo pessoal O trabalhador mantido em situação análoga à escravidão em Planura, no Triângulo Mineiro, era gravado em situações humilhantes e chantageado pelos três homens que o forçaram a tatuar as inicias deles, segundo outra vítima que passou seis meses com o trio. Luciana Gonzalhes, de 29 anos, foi a uruguaia resgatada da casa dos homens. “Eu não posso dizer por tudo o que ele passou. Isso não me cabe. Quando essas violências começavam eu me retirava, mas ainda assim conseguia ouvir as violências pelas quais ele passava”, disse. Segundo ela, violências físicas e psicológicas eram constantes por parte dos homens de 57, 40 e 27 anos. O homem resgatado era agredido por qualquer motivo, inclusive com chicotadas. Os três estão presos. "Ele era acordado a berros e chicotadas antes das 5h. Eles o agrediam por qualquer motivo com socos e facões. Trataram ele como se fosse um gado. Ele era miudinho, magrinho, faziam o que bem entendiam. O meu colega tem cortes por todo o corpo e logo essa situação me deixou oprimida, sem saída, afinal, a posição econômica deles era bem maior", afirmou. Ainda de acordo com Luciana, o homem era totalmente excluído do convívio da casa. Ele comia em vasilhas de plástico colocadas fora da residência e não podia entrar na casa dos patrões, sendo submetido a trabalhos árduos até a exaustão. "Ele sofreu até o ponto de tentar tirar a própria vida. Na ocasião eles o haviam deixado limpando sozinho as duas escolas das quais são donos. Aparentemente foi agredido durante o dia e só retornou tempos depois bastante ferido. Nesse dia, ele foi direto para os fundos e ele tentou tirar a própria vida. Só fomos descobrir quando os patrões berraram e ele não respondeu. Ao chegarmos, ele já estava sem respirar. Além disso, disseram que não o levariam para o hospital e que dariam um jeito ali mesmo. Foi graças a Deus que ele sobreviveu", relembrou a vítima. 🔔 Receba no WhatsApp as notícias do Triângulo e região AVC por estresse O estresse pelos abusos psicológicos que ela sofria e por presenciar as agressões ao homem causou um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que paralisou a parte esquerda do corpo de Luciana. Segundo a mulher, o AVC ocorreu após o colega tentar tirar a própria vida. Luciana lembra que devido ao acidente vascular, os patrões a levaram até Uberaba e a abandonaram em um hospital da cidade. Conforme ela, os três a obrigaram a dizer que eram apenas amigos e que ela não tinha nenhum vínculo empregatício com eles. "Depois eu não voltei a vê-los. Eles passaram a me mandar uma quantia em dinheiro para eu comer e pagar o aluguel, mas que não passava de R$ 600. Eu passei fome, não tinha amparo e estava em uma cidade em que eu não conhecia nada. Foi então que eu tomei coragem e contei para alguns amigos tudo o que estava acontecendo e eles conseguiram me dar certa ajuda." Os três homens foram presos pela Polícia Federal em flagrante. Eles miravam pessoas LGBT+ em situação de vulnerabilidade socioeconômica e afetiva para estabelecer laços de confiança e, posteriormente, submetê-las às condições abusivas. Trabalhador forçado a tatuar iniciais dos patrões será indenizado em R$ 1 milhão Forçado a tatuar iniciais dos patrões O trabalhador mantido em situação análoga à escravidão junto de Luciana foi forçado a tatuar as iniciais de dois dos patrões nas costelas, como "símbolo de posse". Ele e Luciana foram resgatados em operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com apoio da Polícia Federal e Ministério Público do Trabalho (MPT) entre os dias 8 e 15 de abril. Iniciais de patrões aliciadores foi tatuada na vítima para representar "posse", segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) MTE/Divulgação Indenização de R$ 1,3 milhão Após ser resgatado, o homem, de 32 anos, pode ser indenizada em R$ 1,3 milhão. O valor foi solicitado pelo MPT em ação civil pública na Justiça Trabalhista divulgada na segunda-feira (28). O MPT pediu que os acusados paguem R$ 300 mil referentes às verbas salariais e rescisórias, além da anotação do contrato de trabalho na carteira do trabalhador entre 2016 a 2025. A ação também pede que eles indenizem a vítima por danos morais em R$ 1 milhão e paguem indenização por danos morais coletivos de R$ 2 milhões. "A grosso modo, a indenização por dano moral individual é uma reparação revertida diretamente à vitima, e a indenização por dano moral coletivo é revertida para a sociedade, sendo normalmente um recurso usado para a realização de obras e melhorias no local onde o crime ocorreu", explicou o Auditor Fiscal do Trabalho, Humberto Monteiro Camasmie. Escravizado por 9 anos Ao todo, o homem trabalhou 9 anos como empregado doméstico - sem registro em carteira e sob violência física, sexual e psicológica - enquanto Luciana permaneceu 6 meses. Os suspeitos, um contador, um administrador e um professor, formam um trisal. Eles aliciaram as vítimas em redes sociais com promessas de trabalho em troca de moradia e alimentação, além da oportunidade de terminar o ensino médio e fazer cursos profissionalizantes na instituição de ensino que mantinham na cidade. No vídeo abaixo, os suspeitos aparecem mostrando o imóvel onde as vítimas ficariam. Os três foram levados para a Penitenciária Professor Aluízio Ignácio de Oliveira, em Uberaba. Eles foram autuados pelo crime de tráfico de pessoas para fim de exploração de trabalho em condição análoga a escravidão. Trisal é preso por forçar homem fazer tatuagem das iniciais dos patrões em MG LEIA TAMBÉM: Trisal é preso por manter homem em trabalho análogo à escravidão por 9 anos e forçá-lo a tatuar iniciais dos patrões Trabalhador resgatado foi forçado a tatuar iniciais dos patrões; FOTO Homem forçado a tatuar iniciais dos patrões poderá ser indenizado em R$ 1 milhão Trabalhador forçado a tatuar inicias dos patrões teve documentos retidos, rotina regrada e conversas com a família supervisionadas A investigação O caso foi investigado a partir de uma denúncia recebida pelo Disque 100. Durante a inspeção, os auditores constataram que as vítimas foram aliciadas por meio de redes sociais com promessas enganosas de trabalho, moradia e acolhimento. O "Os suspeitos frequentavam páginas LGBT nas redes sociais e buscavam aproximação de homossexuais e transsexuais em situação de vulnerabilidade econômica e problemas familiares. O próprio resgatado contou que antes de vir do nordeste um outro empregado, que havia sido traficado, fugiu depois de um tempo", contou o Auditor Fiscal do Trabalho, Humberto Monteiro Camasmie. Ainda de acordo com o auditor, a vítima de 32 anos também foi submetida a violências sexuais registradas em vídeo e utilizadas para chantageá-lo e não permitir a fuga ou denúncia. Já a mulher não foi submetida às violências, mas presenciou as agressões do homem. Após a prisão dos suspeitos, as vítimas foram acolhidas pela Clínica de Enfrentamento ao Trabalho Escravo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pela Unipac, onde recebem assistência médica, psicológica e jurídica. 📲 Siga o g1 Triângulo no Instagram, Facebook e X VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas

FONTE: https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2025/05/01/homem-forcado-a-tatuar-iniciais-dos-patroes-era-gravado-em-situacoes-humilhantes-e-chantageado-ouvia-as-violencias-pelas-quais-passava-diz-testemunha.ghtml


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